Sentir dores na relação sexual é uma queixa comum em mulheres de qualquer idade. O tratamento com terapia sexual proporciona autoconhecimento e alívio da dor.
Acompanhe o relato de uma mulher que sente dor no sexo:
“Estou em um relacionamento de sete anos e nunca conseguimos ter penetração. No começo nós tentamos várias vezes e eu sentia uma dor absurda. Era como se estivesse me rasgando. Com o tempo, desistimos de tentar. A gente se masturba juntos e fazemos oral um no outro, mas é como se nunca tivéssemos transado de verdade. O meu parceiro é paciente, ainda assim já discutimos várias vezes por causa do meu problema. Eu tenho muito medo que algum dia ele me deixe por causa disso. Sinto que ele tem perdido o interesse em mim e está tendo dificuldade de ereção. Queria tanto saber qual a sensação de ter uma penetração prazerosa e sem dor. E não é só isso. Além disso, o medo da dor me gera outros problemas: não consigo ir ao ginecologista e fazer exames preventivos. Posso ter alguma doença grave e nem saber. O pior de tudo é que se as coisas continuarem iguais, nunca vou conseguir engravidar. Ser mãe é um grande sonho meu. Sofro todos os dias e não vejo uma luz no fim do túnel. Até dias atrás nem sabia que existia tratamento.”
Depoimentos como esse são comuns no dia a dia do consultório. Mulheres entre 18 e 40 anos que tentam e não conseguem ter penetração devido à dor intensa durante a relação. Há casais que passam três, cinco, sete, nove anos sem conseguir incluir a penetração no sexo.
O transtorno da dor gênito-pélvica/penetração, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, inclui dor durante a relação sexual e tensão ou contração involuntária dos músculos ao redor da vagina, tornando a penetração dolorosa ou impossível. Também é comum medo ou ansiedade intensa em antecipação ou durante a penetração vaginal.
Segundo a pesquisa “Descobrimento Sexual do Brasil”, realizada pela sexóloga Carmita Abdo, 17,8% das mulheres brasileiras referem dor na relação sexual.
A dor sexual inclui dois tipos diferentes de dificuldade durante a relação que, geralmente, aparecem juntas: a dispareunia e o vaginismo. Na dispareunia, há queixa de dor recorrente ou persistente na tentativa ou durante a penetração. A dispareunia pode ter diferentes causas, incluindo alergia, infecção, atrofia vaginal e endometriose. Medo, estresse, traumas, situações de abuso/violência e até mesmo crenças morais e religiosas repressivas podem desencadear o vaginismo, que se caracteriza por espasmos e contrações vaginais no momento da penetração, dificultando e gerando dor na relação sexual.
Principais causas das dores na relação sexual
É comum a associação de fatores fisiológicos, emocionais e relacionais, por isso o tratamento demanda uma abordagem multidisciplinar com psicóloga, ginecologista e, por vezes, fisioterapeuta.
Mulheres com dispaurenia e vaginismo acabam evitando carinho, intimidade e sexo. Para quem está em um relacionamento, conflitos e afastamento do casal são consequências comuns. Já as solteiras tendem a evitar novos encontros e relacionamentos. A disfunção sexual se torna algo ainda maior. Sensação de solidão, medo de ficar sozinha e sintomas depressivos e ansiosos vêm em conjunto.
A ansiedade antecipatória gera contratura muscular. Se a musculatura vaginal está tensionada, a dor na penetração se intensifica e persiste. Com isso, após as primeiras experiências negativas, a mulher fica cada vez mais tensa com o medo da dor nas próximas tentativas e o ciclo da dor se estabelece. A cada tentativa frustrada, ela se sente mais incapaz de ter penetração. O ciclo da dor é a soma do medo, ansiedade e tensão muscular que se retroalimentam. O objetivo da terapia sexual é dissolver o medo e a ansiedade e assim facilitar o processo de relaxamento muscular e excitação.
Como tratar dor na relação sexual?
Para quebrar o ciclo da dor, é importante tratar causas orgânicas, desconstruir ideias de que o sexo é sujo ou perigoso, conhecer o próprio corpo e a fisiologia sexual, desenvolver o interesse sexual e aprender como relaxar e sentir prazer durante o sexo.
Se você está sofrendo com dor na relação sexual, segue o passo a passo: ⠀
- Investigar com ginecologista se a dor tem alguma causa orgânica. Se tiver, iniciar o tratamento ginecológico.
- Buscar informações de qualidade sobre o tema. Você não está sozinha, outras mulheres também vivem isso e existem profissionais para te ajudar. Acompanhe outros assuntos relacionados ao tema no blog. Siga também o @sexologiaemdialogo no instagram.
- É essencial compreender e cuidar das causas psicossociais. A tensão e a dor geralmente têm a ver com uma história de educação repressiva e/ou experiências anteriores negativas. Se identificou com esses sintomas? Agende seu tratamento com terapia sexual.
O que é terapia sexual?
A terapia oferece técnicas efetivas para superação da dor e alcance de satisfação e conexão sexual. Com dedicação, é possível ter bons resultados com uma média de seis a doze sessões, que podem ser semanais ou quinzenais.
- Desde o início, o tratamento oferece esclarecimentos e orientações que ajudam a ter uma perspectiva otimista sobre a sua sexualidade. A partir da sua história sexual, é criado um protocolo de tratamento personalizado.
- A terapia sexual acontece em três níveis: pensamentos, emoções e comportamentos. Vamos identificar e modificar comportamentos disfuncionais e reestruturar crenças distorcidas que contribuem para a ansiedade, dor e tensão da paciente.
- Em muitos casos, é preciso marcar um ou mais atendimento com o parceiro(a). O desenvolvimento e melhoria da comunicação e intimidade no relacionamento é essencial para que a paciente se sinta segura e relaxada no sexo.
- A cada encontro da terapia sexual, a paciente vai percebendo e sentindo seus ganhos e avanços e continua motivada para alcançar os objetivos
Você já passou por alguma situação de desconforto e impossibilidade de penetração na relação? Sentiu dor durante a penetração? Escreve aqui nos comentários.